sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Meu querido poeta...


Gastei uma hora pensando um verso
que a pena não quer escrever.
No entanto ele está cá dentro
inquieto, vivo.
Ele está cá dentro
e não quer sair.
Mas a poesia deste momento
inunda minha vida inteira.
Carlos Drummond de Andrade

Ostras e Astros

Ostras e Astros

Vidas abertas, vidas fechadas
Vidas expostas, vidas camufladas
Vidas que passam, vidas que ficam
Vidas que mentem, vidas verdadeiras.
Ostras, astros
Preciosos, misteriosos
Escondidos, foragidos
Olhares de ostras
Falas de astros
As vogais só mudam de lugar
E alma fica
Alma de ostras astros
Ou de astros outras
Almas transparentes
Almas decifradas somente por almas aparentes
Almas de ostras. Almas de astros.
Ah, se as ostras se abrissem!
Ah, se os astros ficassem!
Teriam todo mar, teriam todo céu...
Quem sabe um dia?
Quem sabe esse dia já passou?
Quem sabe?
Quem?
SANTOS, Adriana F. dos. Poesias da Drica, Crônicas da Chica.
Rio de Janeiro, 2002

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Dois posts no mesmo dia...

Bom, como voltei a escrever agora, estou inspiradíssima (adoro superlativos!).
Resolvi postar uma música que toca lá no fundinho da alma, em homenagem aos meus amigos que estão longe... para vocês, o grande Menestréu do Brasil:

Minha primeira poesia publicada: Biblioteca

   Estava eu revisando meus arquivos quando achei minha primeira poesia publicada e bateu aquela nostalgia.
   Realmente naquela época, eu estava precisando arrumar minha biblioteca... só consegui alguns anos depois...aí está ela: 


Biblioteca

Sobrepostos sentimentos

Como os livros num canto do meu quarto

Não sei onde colocá-los.

Já tentei guardá-los no armário

Já escondi embaixo da cama

Mas eles reaparecem

E não sei onde colocá-los.

Dá vontade de rasgá-los

Mas livros são preciosos. E sagrados.

Dá vontade de atirá-los pela janela

Mas assim também jogaria fora minha estória.

Dá vontade de icinerá-los

Mas as cinzas que ficam, sujam a casa toda.

E não sei onde colocá-los.

Sempre os tinha tão organizados...

Orgulhosa com esta organização.

Mas a estante quebrou

A madeira não era tão forte assim.

E não sei onde colocá-los.

Acho que vou deixá-los ali mesmo,

No canto do quarto

Fechar a porta e ir embora.

Deixá-los como alimento para as traças

Ou quem sabe alguém vem e os organiza por mim

E quando eu resolver voltar, a biblioteca já vai estar arrumada.

Adriana dos Santos / Julho de 2002.




quarta-feira, 27 de julho de 2011

"Pra começar, quem vai colar os tais caquinhos..."

    Todo o início é bom...
   Início de um livro, de um filme, de um namoro,de uma comida ou bebida gostosa,de uma vida...
   Podem mudar os cenários, os títulos e as pessoas, mas as sensações sempre são iguais: a alegria do olhar, o calor subindo pelo pescoço...
  Lembro perfeitamente do friozinho na barriga de todos esses momentos e procuro cultivá-los dentro de mim para que não se percam, como muitas coisas são perdidas na vida.
   Neste exato momento o friozinho está aqui dentro de mim, pois é a primeira vez que exponho meus pensamentos aqui e não sei que rumo isso tudo vai tomar.Agradeço imensamente ao Carlos Eduardo Novaes e seu livro de melhores crônicas ao qual devorei ontem enquanto aguardava por horas para ser entrevistada por apenas 20 minutos (esse é uma outra estória que fica para depois). Este livro fez com que sentisse cócegas em minha alma literária novamente.
   Aos quatorze anos escrevi minha primeira crônica: uma homenagem a Carlos Drummond de Andrade que acabara de falecer...Participei de um concurso literário com esta mesma crônica na Escola Municipal onde fazia a 8ª série e fui acusada de plágio por uma professora de português que disse "ter visto aquilo em algum lugar..." Fiquei muito triste e decepcionada e parei de escrever...Aos dezessete anos, concluindo o Ensino Médio escrevi uma redação a pedido de uma outra professora de português com o tema "seu melhor amigo". Escrevi uma carta para minha mãe falecida um ano antes (espera aí, eu não sou especialista em escrever homenagens póstumas, foi mera coincidência!), fui a última a receber a redação e a professora Maria Helena (esta vale citar o nome,a outra deixa para lá) quando a me entregou, perguntou porque eu não escrevia mais. Então voltei a escrever e levava tudo para ela corrigir. O Ensino Médio acabou e veio a graduação com seus trabalhos, leituras e estágios e tudo ficou para trás novamente.
   Alguns anos depois, após passar por um término de relacionamento de anos, me apoiei no ato de escrever, o que me levou até a escrever para um site de poesias,mas como a vida vive me dando rasteiras,parei novamente após um diagnóstico de aneurismas cerebrais e seus sintomas. Quatro anos se passaram e cá estou eu novamente, dando início em uma nova etapa de minha vida e como sempre tendo o ato de escrever como grande suporte. Obrigada mais uma vez Novaes,por ser a cola pra colar os tais caquinhos que ainda existem em minha vida.